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6 de maio de 2010

Hoje a Justiça faltou.

               Julgar, pleitear, requerer, sentenciar, demandar, fazer petição, “valorar”, arbitrar, apontar o dedo, atirar a primeira pedra são expressões que decisivamente, merecem, no nosso cotidiano, toda atenção e cuidado.
               Ajuíza-se com ponto de vista multifocal ou desfocado. Sentencia-se dispensando variáveis no “arme e efetue”, enquanto o implacável desfila.  Desespera-se o veredicto na busca por acomodação A ética fica envergonhada, porque querer não basta, é preciso requerer. O “legal” suplica legitimidade.
               O “natural” que como uma criança corre, tropeça no protocolo do “judicial”. O acertado maltrapilha-se na pendência. A solicitação emoldura-se na petição. O acordado adormece na querela. Negociar sem espaço, só numa audiência. 
                Mais papel, menos palavras. Mais conta, menos soma. Mais discórdia, menos conciliação. Mais processo, menos cessar. Mais burocracia, menos humanismo. Mais interrogação, menos exclamação. Mais tempestade, menos brisa.
               Jogadas as “cartas na mesa”, “roupas sujas” são lavadas. Desvalendo o acordo, peças são partidas,  Sem dissecar o verbo o autoritarismo vem disfarçado de autoridade.
              Geralmente, exigimos rigor exemplar quando assistimos atos repugnantes diante de padrões morais indiscutíveis. Nessas horas, os fóruns ficam lotados com a população clamando “justiça”, o  que nos faz voltarmos a acreditar que ainda é possível a construção de um país mais justo e menos desigual.
                No entanto, que rigor é utilizado quando se mata os sonhos, mutila os ideais, golpeia a natureza, desabilita a esperança, descaracteriza a imagem, desconserta o entusiasmo e desautoriza a credencial? Essas respostas eu desconheço e não sei se existem.
                O julgamento do “outro” sempre acontece todos os dias e em várias esferas. Com dia e hora marcada antecipadamente, comigo hoje foi a primeira vez e queria que fosse a última.
                Trata-se, em resumo, de uma causa trabalhista, que pretende se esforçar para remediar através da Justiça anos de tanto trabalho, onde as partes quebradas buscam o meio que acreditam remendar, cada qual a seu modo.
                Abandonado o princípio, caiu a máscara do meio num triste fim. O acordo sugerido pelo empregador, tão envergonhado, já veio desacordado. A audiência aconteceu enquanto as duas partes pareciam que tratavam coisas diferentes diante de provas solares que o Direito não reconhece.
               Inacreditável!   Todos os meus desagrados foram falados, sem censura e interrupção, por mim mesmo e ouvidos com a atenção que a causa merece diante de todos os presentes na audiência. Cheguei até a questionar, diante da Juíza em exercício, quando o empregador será freado, se ele possui leis próprias ou está além delas.
               Nenhum ressarcimento material valerá o custo pessoal, subjetivo, intransferível e inestimável, já que respeito não sendo mercadoria, não tem preço. Batendo o martelo foi marcada nova data, dessa vez com testemunhas intimadas.
              Quando acontece  a Justiça  sempre emociona. Pena que  hoje ela faltou comigo. O mais impressionante disso tudo é que apesar das tantas peças pregadas pelo empregador, meu amor por esse colégio nunca diminuiu um centímetro.
              Ainda não foi dessa vez que um Juiz deu ganho de causa às legítimas razões de quem ensinava e que, por ironia ou provação,  nasceu no dia do professor.

2 comentários:

Diogo Bonioli disse...

É interessante termos que precisar de alguém, no caso um juíz, legitime o que é lei e sancionado pela obviedade e/ou temos que apelar, suplicar ou mendigar algo que não era para ser um favor, mas um compromisso com alguém que possibilitou o desenvolvimento crítico de todos daquele mesmo ambiente desde a mais tenra idade.
Não estou certo, mas acredito que não decidir a favor é como se ainda tivesse dúvidas daquele que apenas quer ensinar, e que vale dizer que não é por dinheiro (pois ganhamos pouco), mas por amor.
Não permitir o amante encontrar-se livremente com a amada é amputação e crédido para um ensino acrítico, técnico e desnecessário.
Mais sorte na próxima vez, não para este autor, mas para a esperança de um dia melhor para a educação verdadeira...

Professor Andre disse...

Andar com fé é saber que cada dia é um recomeço. É saber que temos asas invisíveis e fazer pedido para as estrelas, voltando os olhos para o céu.

Andar com fé é olhar sem termos as portas desconhecidas com a mão estendida para dar e receber.

Andar com fé é usar a força e a coragem que habitam dentro de nós, quando tudo parece acabado.

"Ainda que eu falasse a língua dos homens e falasse a língua dos anjos, sem amor eu nada seria." Renato Russo

Tudo, menos o amor, pois este sempre viverá.